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A poesia é a mãe da alegria
Da tristeza, do sentir, do saber
Ela é quem diz sem dizer
E nela só, se sacia
Dos versos ela tira mentira e verdade
Tira tudo, prazer e maldade
Ela engana quem quer se enganar
Ensina quem quer acreditar
Ela mostra com poucas palavras
O nascer de dor e prazer
Ilumina o escuro da vida
Não cega, só deixa ver
Senhora do desejo da carne e da alma
Do belo e do tosco, da traição fiel
Excita, ao mesmo tempo, que acalma
Faz o brilho ser fosco, tem amplidão de céu
Nela me busco, me encontro, me permito
Condeno e absolvo, sou Juiz e fora-da-lei
Sou criança e sou pai, sou amor e sou ódio,
Sou mulher e sou homem, sou crime sem remorso
Meu alívio...
Cantar uma canção
Andar com o pé descalço
Te contar meus planos
Minhas vitórias meus danos vis
Foi sempre o que quis
Minhas iras insanas
Minhas manias mundanas
Meus desejos tortos
Meus anjos mortos
Minha ex-trilha branca
Minha nova tranca
Meus defeitos vivos
Meus tons afetivos
Minha cara vejo
Minha boca o beijo
Meu querer amor
Meu coração dor
Minha raiva rara
Minha velha tara
Meu carinho dou
Teu desejo sou
Um beco, boca, um beijo, bem
Um dito, dado, uma dúvida, dardo
Um olhar, ouvir, um orar, omitir
Um dizer, dar, um doer, dominar
Um poder, palpite, um prazer, paladar
Um carimbo, caos, um carinho, cais
Um vinho, vão, um vigor, vida
Um feixe, flor, um ficar, furor
Um jamais, jaz, um jeito,já
Um grito, gosto, um gemido, gozo
Um temer, tiro, um tesão, tez
Um ir, ilusão, uma ilha, imã
Um lugar, lar, uma luz, limiar
Um sorriso, um som, um servir, sim
Um agito, ardor, um antídoto, amor
Um novilho, um nó, um ninho, nós
Um copo sobre a escrivaninha...
Mais um gole.
A água, já morna, escorrega, involuntariamente, pela garganta.
O pensamento não triunfa, se esvai.
O olhar cansado, perdido e sonolento
Vê, não mais enxerga.
A noite terminou, já é madrugada,
E nada se fez.
O sono aperta, a cama chama,
Mas resisto, teimo e não a atendo.
O pescoço dói, as costas reclamam,
Mas resisto, teimo e continuo.
Tento, mais uma vez, ordenar o pensamento,
Sem êxito, persisto.
A dúvida acorda:
Eu luto ou descanso?
Luto, mas perco.
A madrugada terminou, o sol já subiu,
E nada se escreveu.
Na tua cabeça tudo é tão estranho:
Pensamentos grosseiros, tacanhos.
Não és mais nem menos que ninguém,
És só tudo isso: nada!!!
Precisas olhar para o próprio umbigo
E perceber que o mundo
Não gira em torno de um buraco no meio da tua barriga.
Que teu egoísmo ilumina tua ira,
Que tua postura só atrai discórdia e intriga.
Desse jeito...
Não aprenderás com quem quer te ensinar.
Não crescerás como homem e artista.
Não alcançarás o que mais tu desejas:
A glória, a fama, a alegria de viver do que amas.
Tua imaturidade é vil, é tamanha.
Não tens humildade de quem é vencedor.
Tens o chorar de um bebê sem dor que faz manha.
E a autoconfiança de quem no futuro,
Só terá como pares a solidão e a dor.
Nem sempre separo o que sinto
Do que quero sentir.
Sou flecha rumo ao alvo,
Mas eu gosto do arco.
E os limites, sem medo eu os furo,
Desfaço.
A vida me bate. Suporto a dor.
Me agito, Pra que o suor não se congele.
É uma farpa que entra covarde
Entre a unha e a pele.
E daí?
A dor passa e a ferida se cura.
Só vai restar talvez cicatriz.
Não é um inverno de agruras
Que vai assim me tirar o que fiz.
Quase nunca reprimo o que sinto
Confio e sem mágoa prossigo.
Acordo sedento de vida.
Iço as velas do barco.
Meus desejos, eu juro, os busco.
Os caço.
Era uma vida que passava
Mais uma noite sem dormir
Era chorar de madrugada
Minha cabeça ia fundir
É que o tempo nunca pára
E a saudade sempre aqui
Quem sabe um dia eu corrijo
O erro que não cometi?
Reconstitui meus crimes
Refiz o meu discurso
Pisei no chão e não senti
A força do meu peso em mim
Icei meus sonhos pela vida
Chamei de novo o meu querer
Fiz um caminho só de ida
Rumo à resposta, ao porquê
Não sei se fiz bem ou mal
Não sei se me curei dos medos
Mas busco entender esse enredo
Procuro achar o que perder...
Vivo solto sem amarras
E hoje, já posso te entender
O sangue escorre narina abaixo
A dor desliza goela adentro
A lágrima seca explode no coração.
Dominados por modismos, farsas sem talento,
A pureza da alma já se foi pelo vento.
Só se quer dinheiro e não o som da canção.
Esses fatos descrevem o roteiro da vida.
Sorria!
Não é preciso fazer um bom filme e sim ter bilheteria!
São o que são:
Sonho, vida, desejo.
Mentira e maldade num beijo,
Cumprimentos por educação.
São quadrilha não nação!
O que hoje é seu, amanhã não será
O que ontem foi seu, já não sabe onde está
Se ganhou ou perdeu, não tem erro não
Só o amor nutre a alma e o coração
Pode vir um beco sem saída, mas tudo tem jeito
Sei que a morte é dura, dá uma puta dor no peito
Mas, encare sem medo o labirinto então
De caminho em caminho, vá buscar seu chão
Por que?
A vida é uma bola que gira
Que pula e se agita na confusão
Vai passando de pé em pé
Dependendo do jogo vai de mão em mão
A vitória, ora aqui, ora lá
Sacrifício e dor para vencer no final
Mas, o jogo acaba e onde a bola esta?
Tá largada num canto não me leve a mal
Não me leve a mal
Se puder não perder, trate de ganhar
Só não vá esquecer de também amar
Não quero ser manipulado
Não quero ter desgosto em mim
Não quero ver a luz morrer
Não quero ter medo do sim
Não quero mais.
Não quero ser marionete
Não quero ter vida vazia
Não quero ver a guerra não
Não quero ser hipocrisia
Não quero mais.
Não quero ser você sim eu
Não quero só dormir na rede
Não quero desmentir os erros
Não quero só fazer o meu
Eu quero mais.
Quero viver com a noção
De que a vida vale a pena
Não puxar saco de patrão
Toda essa merda que envenena
Eu quero ter a mente aberta
Quero dizer e ser ouvido
Quero aprender estar alerta
Ter a certeza de estar vivo
Quero tomar as decisões
A minha vida comandar
Quero ouvir bons corações
Pra desse caos eu me livrar
Cabelo, tez, suor, calor,
Barriga, dorso, prazer, fulgor,
Pescoço, boca, mão, calafrio,
Chão, cama, sofá. Emoção: Cio.
Dilúvio, seca, fartura, fome,
Vida, morte, talento, nome,
Coragem, medo, excesso, carência,
Dureza, grana. Condição: Existência.
Destino, acaso, amor, traição,
Céu, inferno, ego, compaixão,
Guerra, paz, acerto, engano,
Perdão, tiro. Imperfeição: Ser humano.
O breu da noite ascende o fogo
Olho as estrelas e me sinto pequeno
Mas quando te toco e te vejo
Tenho o antídoto para qualquer veneno
Te amo na areia com o céu e o mar de cenário
Um sonho lúdico que quase todo mundo tem
Não sei se estou vivo ou não, ou sei lá ao contrário
Espero que sinta o que sinto, também
Te vejo nua ao brilho da lua crescente
Me banho no mar, meu corpo cansado e feliz
Não sei explicar, estou mais que contente
Encontro em ti bem mais que já quis...
Dia claro... a luz do sol forte de verão
Ofusca meus olhos que acabaram de se abrir
Te procuro na areia, na rua, no céu e no mar
Onde estás, quem tu és?
Esta noite acabou de viés
Já não sei onde estou
Mas meu coração em ti ancorou
Mais uma esquina surgiu adiante
Dobrá-la fui, fui buscar o devir
Gargalhei do meu medo de morrer noutra rua
Servi só a mim, radiante
Curtir-me fui, fui sonhar o porvir
Desvendei meu enredo, fui viver luz de lua
Mais uma sina rompi claudicante
Destroçá-la fui, fui encontrar o sorrir
Semear arvoredo, mas colhi morte, carne crua
És um tempo, um instante
Um eterno, bastante
És vida, um corte
Uma guinada: sorte...
És um desejo, um tiro
Um beijo, prefiro
És amor, saudade
Uma dor: maldade...
És um caminho, um fato
Um carinho, ato
És beleza, fantasia
Uma certeza: alegria...
És uma estrela, um brilho
Um planeta, filho
És um pai, uma filha
És mãe: família...
És um sair, um entrar
Um elixir, gozar
És sorrir, chorar
Emoção: cantar...
És uma estrada, uma história
Uma virada, vitória
És saber, vontade
Um prazer: verdade...
Minha fé ora em teu sagrado
Tua força te empurra pra mim
Meus poros suam um fogo gelado
Teu colo me dá mais que o sim
Teus lábios sugam meu desejo
Minha tara invade tua ternura
Teu corpo se abre com meu beijo
Meu gozo é viril e com candura
Teu cheiro me afaga os sentidos
Minha boca engole teus gozos
Teu ventre acolhe um pervertido
Tu: meu credo
Quebra pedra, pisa na lama
Se engana, se trai, se difama
Não ama, se deita por grana
Diz querer arte e quer fama
A arte não brota, se inflama:
Da luz e da luta, do beijo e da fuga
Da alma e do corpo, da fala e do dorso
Da paz e do ódio, do amor e do ópio
De tudo... não de todos
A arte se nasce e reclama
A arte transborda com gana
Aí...
Se deita na cama da fama
Sem lama, sem trama, sem drama
Feliz e insana
Amoral, não profana
Para um amigo...Já faz tempo que o mundo parou
Tenho sono e o meu corpo não dorme
Sinto frio no calor do fogo
Estou com ódio do jeito que sou
Eu caminho por meus anti-cristos
Meu sorriso amarelo está gasto
Eu como, mas já não sinto o gosto
Me inundo de vícios e riscos
Confundo prazer e maldade
Mergulho em mentiras sinceras
Realidades absurdas invadem minhas veias,
Meu corpo, minha mente, minh’alma
Através de uma agulha infecta
Suja, porém linda poética
Meu prazer é melhor que mil gozos
Estou feliz ao menos... ao menos por ora
Dor escarnada num leve traço
Flor enforcada no próprio laço
Meu rosto rente ao chão
Num pulo, num tombo, num não
Vejo a noite debaixo de mim
Me viro e o sangue me vem à boca
O tropeço me deixa assim
Sem sentido, sem par, qual orelha moca
O gosto do medo é amargo e forte
Mas se viver é esperar a morte
Vou buscar minha sorte
Do teu amor vou viver no encalço
Vou morar no teu cadafalso
Vou, pra não voltar ao que fui
Revejo tudo em mim, por ti, por nós
Ando no limbo, no umbral da dor
Moro na rua e como restos
Fecho-me em mim, por fora tudo
Choro por mim, por ti, por nós
Corro atrasado ao que quero ser
Mastigo e cuspo o que fui, não sou
Abro-me em fim, por dentro tudo
Amo por mim, por ti, por nós
Chego a tempo ao que então nasci
Mastigo e engulo o que sou, não fui
Como será?
Se o hoje não virar ontem
Se o tempo não se for e a noite não acordar
Se a morte não vier e o dia não nascer
Se o medo não se for, só adormecer
Como será?
Se o olho não enxergar
Se a farsa não partir e o fato não se achar
Se a moça não for de luta e à luz ela não der
Se a vida não se encontrar e só a morte vier
Como será?
Se a terra não for mulher
Se o fardo for de matar e com ele não mais se puder
Se o sonho for pesadelo e o início já for o fim
Se o tempo só disser não e nunca sobrar um sim
Eu aspiro a inspiração branca
Transporto-me a um poder surreal
Minha boca mastiga o nada
Meu sorriso é maior que o normal
Castigo o caminho, a trilha dos pés
Mordo o couro até sangrar a gengiva
Passeio feliz pelo deserto de pó
Não percebo, estou perdido e só
A garganta se fecha se tranca
Os olhos se pulam do rosto
Meu pensar se altera, avança
Mas meu coração pulsa torto
O delírio se torna dor
Porque o tempo é senhor
E ordena o cessar do prazer
Novamente o melhor é morrer
Temo tudo que está a minha volta
O vício a me apodrecer
Quero mais pra curar a revolta
Pra voltar a viver: no pó renascer
Até quando esperar o que não vem?
Não importa. O instante maior é nascer
Mas viver é azar ou é sorte?
Se o tempo é senhor da vida e da morte
Se não esta, quem mais me beija?
Quase não se queixa, sorrindo vem
Às vezes só reclama sobre o queixo
Vermelha, molhada, pálida, seca
Pintada ou não, marca
Fala manso, grita, sussurra, vai além
Da garganta trava o ar pra chorar
Do sabor empresta o paladar
Acorda, boceja, morde, assopra
Xinga, sorri, gargalha, ri
Indecisa, se morde ao partir,
Toca os pelos, os poros, os olhos
Seca a ferida: Cicatriza
Seduz, irrita, deslumbra, mente
Suga fumaça ao tragar...
O ar ao suspirar...
Dá o sopro da vida.
Molha a pele que agora desliza
Nela tudo entra... Dela tudo sai...
Mãe da voz, encanta: num gemido, num canto
Se treme no frio, soluça no pranto
Mas, acima de tudo: beija...
Se não esta, quem mais me beija?